Em um movimento estratégico para se beneficiar de um regime de taxas alfandegárias ainda relativamente favorável, empresas chinesas aceleraram ao máximo suas exportações no mês de março. Esse esforço culminou na maior subida nas exportações dos últimos cinco meses, à medida que as empresas tentavam escoar o máximo de produtos antes do endurecimento das tarifas a partir de abril.
De acordo com os dados divulgados nesta segunda-feira (14) pela Administração Geral das Alfândegas da China, as exportações de bens cresceram 12,4% em março, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Este aumento foi muito superior à média de apenas 2,3% nos dois primeiros meses do ano, surpreendendo analistas que esperavam uma alta de apenas 4,4%.
Enquanto as exportações chinesas avançaram, as importações registraram uma queda de 4,3%, refletindo a fraqueza da demanda interna no país. A balança comercial foi significativamente impactada pela guerra comercial em intensificação entre China e Estados Unidos, que ganhou novos contornos em março, quando o governo Trump impôs tarifas de até 145% sobre produtos chineses, incluindo uma alíquota de 20% sobre mercadorias ligadas ao comércio de fentanil.
Recentemente, os Estados Unidos isentaram temporariamente alguns itens, como smartphones e semicondutores, mas a medida foi anunciada como provisória pelo presidente Donald Trump, que ressaltou que continuariam as discussões com as empresas sobre as tarifas. Em resposta, a China elevou suas tarifas para até 125% sobre produtos americanos, mas seu porta-voz da alfândega, Lu Daliang, se manteve otimista, afirmando que a demanda doméstica e a economia do país seguirão resilientes.
Em termos de destinos das exportações, as vendas para os EUA subiram 9,1% em valor, enquanto as importações de produtos americanos caíram 9,5%. Além disso, a China aumentou suas exportações para o Sudeste Asiático, com destaque para o Vietnã (19%) e Tailândia (18%), países que também foram alvo de tarifas americanas, atualmente suspensas.
Apesar desse crescimento pontual, analistas projetam uma desaceleração nas exportações nos próximos meses, especialmente devido ao impacto das tarifas americanas. O Goldman Sachs já reduziu sua previsão de crescimento do PIB da China para 2024 de 4,5% para 4%, e o economista Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics, afirma que pode levar anos para que as exportações voltem aos níveis atuais.